Uma das minhas pessoas preferidas possui todo um espólio assustador de mitos urbanos femininos, essas histórias que passam de boca em boca, de geração em geração, qual praga sem vacina correspondente. Era eu ainda uma tenra adolescente quando me avisaram que não devia usar tampões. “Essas coisas alargam a vagina e depois os homens não te querem!”, afirmou segura G. Senti-me abalada por uma força superior. Agora que era menstruada não poderia mais ir à praia durante os dias de período? A minha vida esteve quase a acabar até que percebi que a vagina não alarga e encolhe, qual peça de roupa delicada.
Um dia, estávamos a ter uma conversa de mulheres e o centro das críticas era a vizinha da tia de alguém que ninguém presente conhecia, mas que toda a gente sabia ser hipocondríaca. Ela tinha dores, comichões, afrontamentos, indisposições, tonturas e até ataques. Todos estes males eram precisamente descritos por telefone às suas amigas que fingiam sofrer com as suas doenças imaginárias. Todas as descrições das operações e tratamentos de choque passaram ao lado das ouvintes telefónicas, menos um. A sra hipocondríaca tinha sido operada ao “clóris”. Sim, a doença estava nesse grau de gravidade. Já ouvi dizer que quando se é operada ao “clóris” já não há esperança.
Quando se toca no assunto “maternidade” a quantidade de mitos explode, numa efusão louca. Por exemplo, é preciso ter cuidado com as veias lacticínias (as veias que possibilitam que o leite seja encaminhado lá de onde vem até à mama) pois estas são muito sensíveis. E se se fura uma? Fica-se a jorrar leite qual vaca leiteira o resto da vida, ouvi dizer. Por outro lado, no mês que se segue ao parto não se deve lavar a cabeça. É do senso comum que existe uma forte ligação entre a lavagem do cabelo e o parto e, consequentemente, entre a lavagem do cabelo e a sobrevivência da recente mãe. Quem é que não conhece uma mulher cuja causa de morte tenha sido “Lavagem de cabelo no período pós-natal”?
Sentem que o vosso peito começa a sucumbir à idade? A pele já não tem aquela elasticidade e começa a quebrar, encaminhando-se perigosamente na direcção dos joelhos? Não se preocupem, a sra G. existe para resolver estes problemas! A solução para a deslocação descendente dos tecidos mamários é o toque de um homem viril. A sua palpação permitirá que o peito vá novamente ao lugar. A explicação científica para este fenómeno que contraria a tão comprovada lei da gravidade? Não existe explicação, vamos catalogar este tipo de acontecimentos como paranormais. Tal como os mitos urbanos femininos.
Ainda estou boquiaberta com os que escreveste aqui...
ResponderEliminar"A minha vida esteve quase a acabar até que percebi que a vagina não alarga e encolhe, qual peça de roupa delicada"...
ResponderEliminarés tão ingénua...
My mind is blown!
ResponderEliminarPois...essa senhora que foi operada ao "clóris" sofria de um mal que nem mesmo uma operaçao pode resolver! nao há Derek Sheperd, Mark Sloan ou Avery que resolvam esse problema..esse ou a lavagem da cabeça enquanto se tem o período...é como a história da senhora que garante e jura a pés juntos que foi operada à "prosta", independentemente de a ter ou nao...isso sim, um verdadeiro Mito Urbano Feminino...
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